sábado, 24 de setembro de 2011

Porque sair de casa?

As novas gerações pouco brigaram com as gerações mais velhas. Pouco precisaram conquistar! Estão ganhando tudo de mão beijada. Com toda a liberdade e mordomias que têm na casa dos pais, por que sair de casa?
A pergunta é simples. A resposta mais complicada.
Porque nossos filhos devem sair de casa, quando é mais econômico, seguro e afetivamente mais tranquilo eles permanecerem em casa?
Antigamente, se é que se pode ir tão longe no tempo e no espaço, sair de casa era uma conquista. Com ela vinham outras: o primeiro emprego, a primeira casa (quem se importava em viver num muquifo sujo e desconfortável?), a liberdade de ir e vir sem explicações, as primeiras experiências sexuais. A vida nas próprias mãos. Com todas as mudanças sociais e culturais, estas não são mais conquistas. São garantias que muitos desfrutam sem qualquer esforço: o emprego é servir de motorista, de companhia ou de cola para o relacionamento conjugal. O que dizer sobre sexo e liberdade para ir e vir? Conforme a classe social ambos começam cedo demais, quando nem corpos nem cabeças estão prontos. Os pais não apenas permitem como estimulam.
Justificativas explicam o inexplicável.
A verdade é que mantemos nossos filhos infantilizados e agarrados a nós até não os aguentarmos mais. Permitimos a eles ficarem conosco, enquanto nos convém, enquanto não estamos prontos para jogá-los do ninho e lançá-los ao mundo. Temos medo da nossa cria. Estará ela pronta para os desafios da vida? Saberá sobreviver sozinha? Não suportamos a dor deles. E por não suportá-la os mantemos ligados a nós. Indefinidamente. Ou até não aguentarmos mais. E assim, covardemente, delegamos a eles o sofrimento do corte total do cordão umbilical. Porque esta necessidade um dia surgirá. Cedo ou tarde.
Para muitos o corte derradeiro acontecerá com a morte dos pais protetores (para qualquer um a morte é o corte definitivo),mas para alguns, pela primeira vez sozinhos em si mesmos, tornam-se duplamente desamparados, pois perdem ao mesmo tempo os pais e a vida vivida até então. E sobra a árdua tarefa de viver e sobreviver sob seu próprio sol, já que não poderão mais desfrutar da sombra fresca patrocinada pelos pais.

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