terça-feira, 20 de setembro de 2011

A escola como objeto simbólico

As escolas são instituições com “culturas próprias” e significados diferentes para diferentes alunos, pais e professores. Ela é “um lugar imaginário” muito além do espaço real de cadeiras, classes e salas. Ela é aquilo que o aluno percebe a partir de sua história, seus desejos e medos. É lá que acontece um interjogo de forças inconscientes, que se cruzam, se opõem, conflituam-se e se reforçam, através de situações manifestas, claras e evidentes, ou de forma oculta, latente, inconsciente e nem por isso, menos significativa. Cria-se assim, a dinâmica ou o comportamento grupal próprio. É a “IDENTIDADE ESCOLAR = IDENTIDADE FAMILIAR”. Algumas escolas têm seu processo educacional mais dirigido, com limites mais estreitos, ao contrário de outras, mais liberais e abertas. É a “FILOSOFIA ESCOLAR”. As escolas tem o que chamamos de “currículo manifesto” e “currículo oculto”, ou seja, aquilo que é manifestamente dito, escrito e realizado, e a verdadeira prática do cotidiano escolar e da sala de aula. A escola é constituída por pessoas – professores, diretores, funcionários, pais, alunos, entre outros - que lidam de maneiras diferentes com os mesmos fatos. Alguns lidam bem ou mal conforme as circunstâncias e/ou experiências pessoais. É importante tanto pais como professores saberem que dentro de uma visão psicodinâmica, os professores serão os recipientes de impulsos, ansiedades, fantasias, emoções, paixões, pensamentos, mais ou menos conscientes, que crianças e adolescentes têm em relação aos próprios pais. Amor e agressividade, originalmente dirigidos aos pais serão transferidos ou projetados nos professores. E não serão apenas os sentimentos agressivos que serão transferidos. Os amorosos também. Muitas dificuldades escolares se organizam em torno dessas projeções. Trabalhar com crianças e adolescentes desperta aspectos infantis e adolescentes nos adultos, podendo despertar nos professores sentimentos por determinado aluno, criança ou adolescente, evocando as próprias situações de vida nestas etapas do desenvolvimento, (suas memórias, fantasias, sentimentos infantis ou adolescentes), fazendo com que tenha maior dificuldade ou facilidade com determinado aluno do que com outro. Esta dificuldade/facilidade, pode não se repetir com outro professor, devido a suas próprias e diferentes experiências pessoais. A escola é o representante simbólico da família. É lá que a criança ou o adolescente reedita seu ciúme fraterno, compete, divide, rivaliza, oprime ou é oprimido (bulling). É lá que ele reproduz o sistema social e familiar em que vive. Muitas vezes, família e escola dissociam suas funções. É freqüente pais criticarem a escola projetando nela seus aspectos negativos e/ou fracassados do ensino-aprendizagem-conduta de seus filhos. A escola também dissocia, projetando na família suas incompetências, falta de colocação de limites, de participação, de aprovação (ferida narcisista do professor). A questão dos limites perpassa a família, a escola e a sociedade. Vivemos uma grande crise de limites em vários segmentos da vida humana. A visão espacial é considerar a escola como o meio do caminho entre a família e a sociedade: quase um espaço de transicionalidade (Winnicot): não é o conhecido e seguro espaço familiar, tampouco o tão sonhado e temido mundo adulto. Assim, a escola é o lugar em que crianças e adolescentes exercitam seus passos em direção à independência, à individuação e separação de seu grupo original, sua família. Ela também sofre pressões manifestas ou latentes, tanto por parte da família, da sociedade, de seus próprios integrantes, pois todos esperam que a escola cumpra com sua função educativa.

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