quarta-feira, 29 de junho de 2011

Bingueira, eu?????



A vida em São Paulo reserva várias surpresas.
Em menos de um mês fui a dois Bingos. Quem diria, desse jeito viro bingueira profissional! Do primeiro ao segundo já houve uma considerável evolução. Nossa mesa ganhou vários prêmios: bingos e sorteios. Cafeteira, panelas, travessas, corte de tecido, pulseira, vela, livros.
Estávamos orgulhosas por conhecer as regras e poder ensiná-las a duas novatas do grupo. Felizmente pé quentes no jogo.


A patrocinadora e desta vez também organizadora do evento, Márcia – mais uma vez, obrigadão pelo convite, amei de novo – era só sorrisos de satisfação e realização.

O Bingo beneficente aconteceu na paróquia de Nossa Senhora da Alemanha - Shoentatt, de quem minha amiga é devota fervorosa. E como da primeira vez, a tarde foi de sorrisos, brincadeiras, palmas e animação. De contribuição também.


Pelo que soube, acontece apenas 1 Bingo por ano, naquela comunidade. Então imagino, que para este ano, chega de Bingo. Se bem que, se eu receber outro convite, certamente vou aceitá-lo.
A tarde entre amigas vale o que se joga, perde ou ganha. Ela vale por si só.
A brincadeira, a expectativa e a torcida pela cartela preenchida é lúdica e terapêutica, independente dos prêmios, que igualmente merecem um parágrafo à parte. Além das doações de empresas, lojas, etcetcetcetc., muitas pessoas confeccionaram trabalhos manuais que abrilhantaram o BINGO desta tarde. Assim como o outro, o maior prêmio foi a solidariedade. E a solidariedade, certamente é um vício que não me importo em alimentar.

Transição?

Ontem foi nossa última aula do curso de escrita criativa. Depois da aula fomos a um pub jogar conversa fora e sobre o semestre que passou e o que virá. Em agosto, retomamos a escrita na versão intermediária. Todos sentimos que crescemos e melhoramos como escritores. E cada um comentou a importância de escrever em sua vida. Foi uma conversa diferente e interessante. Assim como eu, outros estão em transição, buscando novos caminhos e novas paixões. Entre elas, a literatura.
Falar e escrever tem um poder fantástico. Ao fazê-los, damos vida ao que é apenas pensamento ou sentimento. Muitas coisas circulam em nós como insetos e borboletas. Ora inquietas e irritantes, ora leves e silenciosas. Ambas zunem e perturbam nossas certezas e nossas vidas.
Estou terminando de ler o livro “Conversas iradas com Deus” De Susan E. Isaacs. O livro é uma divertida comédia espiritual que insiste em questionar Deus pelas coisas que acontecem e pelas que não acontecem em nossas vidas. Comecei a gostar do livro quando me vi identificando sinais do além para minhas dúvidas. É tão reconfortante pensar que o universo se preocupa com a gente e nos manda, magica e milagrosamente, mensagens cifradas sobre decisões a tomar e escolhas a fazer. Só é reconfortante, porque verdadeiro não é. Pelo menos, nem sempre. Ou, quase nunca. Sei lá. Os junguianos e psicanalistas que não me leiam.
Coisas de transição. De escolhas a fazer. Apenas isso.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Vida incompleta

Passei o feriado de Corpus Christi em Lajeado - RS. Foram poucos dias - de quarta a segunda feira -definitivamente é muito pouco tempo. Adoro minha casa, minhas rotinas, amigos, família, enfim, a vida que criei lá. Sinto-me reenergizada, preenchida e completa. Não totalmente completa. Tanto no RS como em SP, sempre falta algo para a perfeição. Lá tenho coisas que em SP não tenho. Em SP tenho coisas que no RS não tenho. Procuro ser o mais feliz e completa dentro desta vida incompleta e imperfeita.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Água para elefantes


Tenho ido pouco ao cinema e acho que o último filme que assisti foi “Água para Elefantes”. Além do filme, li o livro também. A história dos circos, de certa forma, meche muito comigo. Hoje, de todos os entretenimentos é do que eu menos gosto, e se puder, evito ir. Odeio o retumbar dos tambores. Fico aflita e ansiosa ao ver malabaristas e trapezistas fazendo números difíceis, e aquele som nervoso e estridente, parece anunciar a eminência de uma catástrofe. O fracasso ou o sucesso. Acho que minha pressão sobe às alturas!!!!!
Quando menina, os circos eram um grande acontecimento na pequena vila em que me criei. Lembro do agito, dos artistas, do retumbar dos tambores e de vários fracassos. Artistas derrubados por uma bola, corda, vara ou bicicleta. A rede de segurança sempre os protegeu de se espatifarem no chão, mas não da sensação de derrota e do trabalho mal feito. Normalmente o fracasso era contemplado com brincadeira de palhaços, mas aquela palhaçada me deixava mais nervosa ainda. Cheiro de grama pisoteada e molhada misturada ao esterco de animais ainda são muito presentes em minhas lembranças, e mesmo depois de mais de quarenta anos, ainda são muito intensos.
Durante o filme “Água para Elefantes”, sentada confortavelmente na sala de cinema, foi aquele cheiro que me invadiu e me transportou àquela época tão distante e de repente tão próxima. Por pouco não levantei e saí. Mas a promessa de uma grande história de amor me fez ficar e assistir ao “maior espetáculo da terra” até o final.
O filme foi baseado no livro de Sara Gruen. E, apesar das sensações e lembranças gostei tanto do livro como do filme. Jacob é o narrador da história que intercala capítulos de lembranças da vida no circo com capítulos sobre a dificuldade de ser um velho de 93 anos, vivendo longe da família, num lar geriátrico.
Aliás, memória é coisa estranha. Dizem que nossa memória é o arquivo de nossa história. Fico imaginando quanta coisa já se perdeu nas catacumbas e quantas ainda vão se perder. Felizmente algumas são sobreviventes. São aquelas situações que ficam gravadas a ferro e fogo (o circo na minha infância) enquanto outras simplesmente desaparecem, como se jamais tivessem acontecido (minha primeira viagem a Itu há 25 anos).

Itu!!!!

Passamos o fim de semana em Itu, na casa de campo de um casal de amigos, a noventa e poucos quilômetros de São Paulo. Gostei da cidade antiga e histórica, mas fiquei chateada ao lembrar que estive em Itu há 25 anos e não lembrar de nada. Apenas de ter estado lá há tantos anos atrás. Não lembrava do famoso orelhão nem do semáforo enorme. Marca da cidade, em que tudo pretende ser de bom tamanho. Enorme.


Para não correr este risco, comprei este baralho de cartas. Espero que daqui há 25 anos, lembre ao menos que foi lá que o comprei. Afinal, os lápis e borracha tamanho GG que comprei para minha filha – há 25 anos - sumiram tanto de casa como da minha memória.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cinco quilos mais gorda, cem quilos mais leve!!!!

É esta a sensação. Depois de mais de 45 dias envolvida na escrita e conclusão do livro “Longe de tudo e de todos”. Ainda não tive coragem de subir na balança, mas meus jeans não enganam. Apertadéééeésimos.
Quando comecei a escrevê-lo em fevereiro de 2010, tinha me proposto escrever com calma, sem pressa e prazo. Escrevi as 50 primeiras páginas. Em julho, retomei o livro e escrevi mais 60 páginas. A ideia de inscrevê-lo num concurso literário me colocou frente ao dilema de escrever com calma ou acelerar o ritmo e finalizá-lo com data determinada. Optei pela data determinada. Em 45 dias escrevi mais de 160 páginas. Longe de tudo e de todos ficou com 280 páginas, na versão WORD,1,5 de espaço entre linhas, fonte Arial 12. Possivelmente, mais de 400 páginas se for impresso. Tomara que seja.
Ele é a versão em romance de “Um ninho para chamar de seu – reflexões na meia idade” meu livro de crônicas sobre a mulher de meia-idade – inédito e tão mexido e remexido - que resolvi deixá-lo como banco de dados para meus escritos futuros.
Muitos me perguntam como é escrever um romance. Cada um tem suas curiosidades e eu mesmo as tenho. Gostaria sinceramente de saber como esta experiência é vivida por profissionais com anos de estrada, já que eu me enclausurava, não via graça nenhuma do lado de fora do apartamento, acabei com meu estoque de Lexotan (3mg) e com os chocolates da Páscoa, comia pizza e lazagna Sadia intercaladamente semanas a fio, dormia com um bloco e uma caneta na cabeceira e parecia um zumbi caminhando, no meio da noite, acordada por aquela palavra, aquela expressão, aquela ideia que fugiu o dia inteiro e que me obrigava a levantar e escrever. Por isso o Lexotan 3 mg. Precisava desligar. E por mais que eu escrevesse parecia não chegar nunca ao final. Consegui perder três dias inteiros de trabalho ao não salvar minhas anotações - até hoje custo a acreditar que fui capaz disso – mas o sumiço delas não encontra outra explicação lógica. Prefiro acreditar que não era a versão correta. Acabei mudando o capítulo, e agora, concluída a tarefa, posso afirmar que foi isso mesmo. Gostei do novo rumo e do ritmo que consegui dar ao romance.
Agora só resta esperar e torcer.
Voltar à dieta, às atividades físicas, às leituras.
Voltar à vida. Sem me sentir prisioneira de uma cadeira e de uma história
Será que ser escritora é assim?

Yes, yes, yes!!!!!!

Nada que um banho quente e uma taça de vinho não deem conta.



Depois de ficar o maior tempão esperando o carro chegar do estacionamento (só para esclarecer) e ser uma das últimas a sair do BINGO, felizmente não bati até chegar em casa (felizmente até azar tem que ter limite), não conseguir postar as fotos do meu celular, eis que, bingo: decifrei o enigma da impossibilidade de baixar fotos do meu celular. Como eu poderia baixar minhas fotos se estou usando o chip de São Paulo que não tem 3G ainda? O 3G está no chip do celular do RS. Um ano de fidelidade. Poucos dias ainda e começo a navegar na wibe de SP. Até parece!!!!!



Tenha lá minhas pendengas com WIFI, 3G, LAN, Bluetooth, PDF, chip e tantas outras siglas e tecnologias.
Nestas horas sinto-me tão órfã dos meus filhos!!!!!
Mas deixei de ser uma BIOS (Burra Ignorante Operando o Sistema) e troquei o chip. Olha as fotos do nosso BINGO.
Nem precisou dormir!!!!!

O primeiro BINGO a gente nunca esquece

Em grande estilo, então!!!!!!
Nesta quarta-feira fiz um programa fantástico. Junto com algumas amigas fomos a um bingo com chá beneficente da APFCC (Associação Paulista Feminina de Combate ao Câncer), em prol dos pacientes da Oncologia Pediátrica. Ganhei o convite da amiga Márcia. Obrigada Marcinha! Amei.
Sempre que pensava em bingo, pensava em bingo!!!!!!! Mas este foi O BINGO.
Desde a chegada até a saída tudo foi alegre, colorido e muito, muito divertido. Sempre via bingo como passatempo de vovozinhas em encontro de senhoras. Claro que foi um encontro de senhoras, mas de todas as idades: crianças, moças, mulheres e senhoras de idade. Além dos garçons, vi apenas dois homens – de idade – pelo imenso salão vestido de rosa.
Imagino que devíamos ser um grupo entre 400 a 500 mulheres (sou péssima nessa coisa de calcular número de pessoas, mas uma disse que eram 400 outra 500, então, entre 400 e 500 tá de bom tamanho) disputando a canetadas todos os prêmios. Os prêmios merecem um parágrafo à parte:
Desde a minha tão desejada cafeteira Nesspresso com Kit completo, até uma viagem ao Chile (passagem aérea, 3 noites de hospedagem, translado, city tour, seguro viagem, off course, as senhoras de idade!!) passando pela geladeira, TV de LCD, microondas, máquina fotográfica digital Sony, notebook, adega climatizada, passando por vários dias de spas, almoços, jantares, cestas, etcetcetcetc. Tinha também uma viagem a Buenos Aires (com os mesmos acessórios, off course). Liquidificadores, batedeiras, grills, colares de pérolas, celular, casaco de couro, etcetcetcetc. Além de muitos prêmios sorteados pelo número do convite. Muitos, muitos prêmios, doados por empresas, restaurantes, hotéis, lojas, agências.
Jogamos 11 bingadas. A vermelha, a amarela, a rosa, a verde, a azul.......enfim 11 bingadas, com 4 prêmios em cada (uma tinha 5 prêmios, e muitos prêmios eram vários itens. EX: máquina fotográfica + secador profissional + cesta Pati Piva (????). Teve até a rodada do azarão. Aquela em que nenhum número da sua cartela é sorteado.
Só não teve a mesa azarão. A nossa.
Ficamos tentadas a participar do leilão da camiseta autografada do Santos, arrematada pela bagatela de R$ 600,00. Mas como nenhuma do grupo era santista tentamos nos números do bingo até o último prêmio, e nada. Nadica de nada.
Na saída do evento, bem que pensamos em dar uma esticada no shopping e aplacar nossa frustração de voltar para casa de mãos abanando. Mas estávamos sorridentes e felizes. Mesmo que de mãos abanando. Além do dia maravilhoso entre amigas queridas, música e comida de qualidade, a energia contagiante daquele grupo solidário foi mais forte que o resto. Ríamos até daquela mesa que levou váááários prêmios.
Saber que em meio a tanta opulência, um grupo de crianças terá sua dor amenizada foi o prêmio maior de todos. Podíamos estar de mãos abanando, mas o coração e o peito estavam estufados e cheios com a única certeza do jogo: a de poder ajudar crianças com câncer.
Com certeza, o maior de todos os prêmios.

Queria poder concluir a crônica aqui. É o ponto certo. Mas, quando o dia não é de sorte, ele é de azar. Certo? Certíssimo. Pra completar, além de ser uma das últimas a receber o carro (lembram, eram entre 400 e 500 senhoras!!!)não consegui anexar as fotos tiradas do meu celular, já que a máquina fotográfica estava sem pilha e ficou em casa.
Agora vou dormir. Quem sabe amanhã.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A vida nas prateleiras

Para não ficar a ideia de que ando deprê, resolvi postar mais esta crônica, bem antiguinha, mas que também gosto muito. Espero sinceramente voltar a postar material atual o quanto antes.


A vida nas prateleiras
Livros são uma excelente companhia! Sempre.
Ao longo dos anos fui aumentando minha biblioteca particular e hoje possuo uma quantidade razoável de livros. Sempre foi mais fácil escolher livros a roupas, sapatos ou bijuterias.
Quando vou às compras, acabo levando vários de uma só vez, e assim, foram se acumulando. Digo que fiz um “rancho de livros”. Por isso, em minha biblioteca particular existem livros que nunca li. O tempo disponível para a leitura nunca foi suficiente para a quantidade de livros adquiridos ao longo dos anos.
É incrível como em todas as áreas da vida humana existe uma grande oferta de tudo para se comprar. O comércio que gira em torno de nossas preferências e sonhos de consumo é enorme e inesgotável. Muitas vezes evito entrar na livraria, pois sei do sacrifício que faço para não levar uma braçada comigo. Vários livros sorriem e se convidam para serem meus. Acabo levando.
Não sou uma compradora compulsiva, daquelas que saem às compras e compram tudo o que vêem pela frente, e que só sossegam quando não tem mais limite de crédito no cartão, na carteira ou na conta bancária.
Quando me permiti este período de pausa e reflexão - este exílio voluntário na Venezuela - defini algumas metas mínimas a serem alcançadas. Entre elas estava a leitura de vários livros há muito tempo comprados e esquecidos nas prateleiras.
Sempre tive o hábito de identificar meus livros com meu nome, mês e ano da compra. Assim, sei que estou lendo livros comprados há mais de 10 anos. São livros técnicos das mais diferentes correntes psicológicas, biografias diversas, romances, suspenses, crônicas, etc.
Quando começo a ler um novo livro vejo a data da compra e procuro lembrar o que eu fazia ou estava vivendo na época, para entender as motivações que me fizeram comprar determinado livro. Alguém um dia escreveu que não somos nós que escolhemos nossos livros, São eles que nos escolhem.
Tenho verificado na prática esta afirmação.
E assim tenho lido livros que já não me interessam mais, com conteúdos e temas ultrapassados, outros um tanto repetitivos. Alguns teriam sido muito importantes se lidos lá atrás, pois fariam diferença na minha forma de abordar determinados assuntos e pacientes. Outros teriam sido úteis para minha cultura, minha vida e conhecimentos gerais. Alguns continuam na ordem do dia, mas agora, o meu momento é outro.
De qualquer forma, tenho feito do meu hobby da leitura muito mais do que um mero passatempo ou estudo. Tenho feito vários resgates, revisões bibliográficas, reflexões teóricas e pessoais.
Dei-me conta do tanto que sei e do tanto que não sei. Da quantidade ilimitada de conhecimento existente. Das diferentes formas de abordagem, formas e estilos distintos.
O que mais tem me surpreendido é o quanto ainda tenho que aprender, o quanto ainda desconheço. O que me deixa desolada e estimulada ao mesmo tempo, obrigando-me a seguir em frente.
É revigorante saber que mesmo estando na meia-idade, tendo um vasto conhecimento e experiência, ainda sou virgem, inexperiente e inocente em muitas áreas do conhecimento e da vida humana.
Esta constatação tem sido um estímulo diário.
Ainda tenho muito que conhecer e aprender.
Principalmente, tem muita vida pela frente, tem muito a ser feito!
Não podemos perder as oportunidades, não podemos deixar a vida nas prateleiras para quando tivermos tempo.
Diferentemente dos livros que esperam nas prateleiras, a vida não espera.
Cabe a cada um de nós definir com que estilo, abordagem ou forma, escreveremos nossas vidas.
Los Canales, setembro de 2006.

O demônio do meio-dia

Finalmente terminei de escrever meu novo romance "Longe de Tudo e de todos".Passei os últimos 45 dias grudada na cadeira. O livro ficou enorme -280 páginas - mas gostei muito do resultado final. Agora é torcer os dedos. E como estou literalmente de ressaca, resolvi postar uma crônica antiga. De uma outra época, mas que gosto muito.
Fica a dica do livro "O demônio do meio-dia - uma anatomia da depressão".O livro é simplesmente imperdível.

O demônio do meio-dia

Dias atrás uma amiga me disse que a grande maioria das mulheres é neurótica, estressada e pirada. Fiquei chocada com a afirmação. Mas ficou um ponto de interrogação. Pensei em como ando com meus humores. Nem bem eu sei como estarei amanhã, hoje à noite , que dirá, daqui a uma hora.
Logo eu que nunca fui uma pessoa instável. Muito pelo contrário. Os que me conhecem me imaginam centrada e equilibrada. Uma fortaleza!! Também sempre me vi e me senti assim.
Até que entrei num turbilhão de mudanças, e meu equilíbrio foi para o espaço. Acho que posso compará-lo hoje a alguém andando numa montanha russa, fazendo um looping completo. Devo estar naquela parte lá no alto, com meu carrinho de cabeça para baixo. É como tenho me sentido.
Assim como o clima está todo alterado, com quatro estações no mesmo dia, também tenho sentido enormes variações e flutuações no meu humor: será culpa dos hormônios, da idade, das mudanças?
Sinceramente, não sei.
Mas a sensação é a mesma de estar de cabeça para baixo, e a toda velocidade numa montanha russa.
Anos atrás, li o excelente livro sobre depressão, escrito pelo jornalista Andrew Solomon. Ele compara a depressão a um demônio que se apossa do corpo. Ele mesmo um depressivo maior. O livro não é científico, mas com certeza é um dos melhores textos sobre depressão que já li. Redigido com clareza, conhecimento e principalmente, com sentimento. Seu nome é “O demônio do meio-dia – uma anatomia da depressão”.
Muito se fala sobre a necessidade de mudanças na vida das pessoas. O quanto o novo e o desconhecido rejuvenescem e energizam, tornando as pessoas melhores, mais maduras, experientes, dinâmicas e modernas.
Parece que a monotonia e a rotina do conhecido saiu de moda. Mas pouco se fala das dificuldades que acompanham as tais mudanças.
Porque mudar pode ser necessário. Fácil, nem sempre. Às vezes, pode ser.
Poucos falam da ansiedade e da angústia que tiram o sono e o apetite. Poucos falam dos momentos de desolação e saudade que invariavelmente nos fazem repensar nossas escolhas. Da tristeza e depressão que muitas vezes se tornam nossas companhias diárias, principalmente naqueles momentos em que nada do que foi planejado parece dar certo. Não que tristeza e depressão sejam a mesma coisa. Se misturam e se apresentam mesmo sem ser convidadas. Da saudade dos que deixamos para trás, ou que nos deixaram. Pessoas, rotinas, momentos únicos deixados no passado. No antes. Antes da mudança. Sim, porque quando realmente efetuamos mudanças substanciais em nossas vidas costumamos lembrar do antes e do depois. E é no antes que estão as coisas conhecidas. Até mesmo nossos antigos infernos tornam-se floridos e coloridos neste momento da cadeirinha virada para baixo na montanha-russa.
Quantos nos arrependemos e pensamos como fazer para retroceder a fita. Para o antes. Às vezes é possível, mas nem sempre é.
Acredito nunca ser possível.
Quando retrocedermos a fita, não seremos mais os mesmos. (Não seríamos mesmo que não tivéssemos feito nada). Não tem como não nos lembrarmos da sensação de estar de cabeça para baixo na montanha-russa. Não tem como apagar as noites mal dormidas, os momentos de angústia e ansiedade. Nem da saudade que dói e corrói a alma. Nem do sofrimento, do medo e da insegurança.
Estes também são demônios que podem se apossar de nós em momentos de crise. Durante o antes e o depois da mudança. É quando nossas certezas são testadas. Nossa perseverança e persistência colocadas em xeque.
Se permitirmos seremos engolidos e dominados por esses demônios.
Já dizia Jung algo como “não temos problemas, os problemas é que nos tem”. Ou seja, podemos ficar aprisionados, limitados e paralisados frente aos diversos demônios que surgem durante o processo de mudança. Porque eles nos governam quando deixamos, principalmente quando estamos na cadeira virada para baixo na montanha-russa.
O jeito é agüentar o tranco que logo logo, a cadeira volta ao seu lugar, segue nos trilhos com novas emoções e sensações, e enfim, chegamos numa nova parada.
Podemos retroceder? Sim.
Com a certeza de que alguma mudança aconteceu.
Quanto a afirmação da minha amiga?
Discordo categoricamente.
Talvez a grande maioria das mulheres tenha apenas fases neuróticas, piradas e estressadas. Elas “estão” e não “são” desse jeito.
Como qualquer simples mortal!
São Paulo, outubro de 2007.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Enquanto a inspiração não me atinge.............

Como diria Picasso, se a inspiração chegar me encontrará trabalhando.
Gostei desta idéia sobre inspiração para escrever, embora acredite que a minha deva estar passeando por outro planeta, mas como estou sem sono, vai que ela caia feito meteoro na minha cabeça.
Mas enquanto isto não acontece, meu sono não volta, nem minha inspiração acerta o alvo, resolvi mexer no meu material antigo e alimentar meu blog, tão esquecidinho, tadinho.

Escolhi esta crônica e a enviei a uma amiga esta semana às voltas com uma labirintite. Ontem quando a reencontrei ela apenas me falou: Você acertou em cheio.

Quem disse que crônicas são anacrônicas? Esta aí também continua muito atual.




Também não gosto do meu pescoço

Talvez alguns percebam que estou parodiando a escritora americana Nora Eprhon, que escreveu um livro intitulado “Odeio meu pescoço”. E pelas críticas que havia lido sobre ele, deveria ser muito divertido. Já li livros muito mais hilários e acabei me decepcionando.
Se bem que estou usando o nome do livro dela meio que emprestado.
Pescoços podem ser odiosos.
Em qualquer idade.
Dias atrás fiz uma maratona de troca-troca, até acertar a malha de gola olímpica para minha sogra, às vésperas de fazer 90 anos. Ela queria algo que escondesse seu pescoço “scrundlich”, ou seja, amassado, enrugado, despencado. Próprio para a idade avançada dela. Mas como ela tem o dobro da minha idade, levei certo tempo para entender, porque ela não gostava das malhas que lhe trazia. Mas afinal consegui entender a questão e acertar.
Entendo aqui pescoço como aquela região que separa a cabeça do corpo. Nosso mundo instintivo do nosso mundo racional e civilizado. Aquilo que na sabedoria popular, é a mulher quem movimenta, ou seja, as decisões do casal. Para quem não conhece o ditado: o homem pode ser a cabeça do casal, mas a mulher é o pescoço. É ela quem indica qual direção a cabeça deve seguir. Ou seja, o homem.
Refiro-me aqui a um pescoço em três dimensões: frente, laterais e fundos. Meu problema está nos fundos do pescoço. Ou seja, na nuca. E, quanto mais me queixo, mais encontro mulheres da minha idade, com a mesma reclamação.
O pescoço dói. Fica emperrado. Contraturado e tenso. Seu ângulo de flexão fica próximo aos 45 graus. Mas o que ele perde em elasticidade lateral ele ganha em ampliar reflexos para cima e para baixo. Quando desce, digo que estou com a “asinha quebrada”. Sim, para quem nunca ouviu a expressão, é quando o omoplata fica tão dolorido que o braço sofre para se movimentar. Quando o reflexo sobe, é que complica de vez. O Comando Central dá “tilt”. Pelo que lembro da explicação dada por meu médico, nestas situações, meu cerebelo fica tão contraturado que estrangula a circulação sangüínea que irriga alguns setores do meu cérebro, e em mim, é meu labirinto quem “paga o pato”. O labirinto fica perdido e eu, com crises labirínticas. Talvez minha explicação seja uma grande asneira, mas foi o que captei quando o médico me explicou. Talvez meu nível de entendimento também fique prejudicado nestas situações. Não duvido. Mas acredito nesta versão. Para mim faz sentido.
Mas porque o meu pescoço e o de muitas pessoas fica assim?
No meu caso, e possivelmente no de muitas outras pessoas, é por causa de cansaço, stress, preocupação, ansiedade, fadiga, estafa mental, depressão, má postura, horas e horas em frente ao computador, insônia. E sabe-se lá quantos outros motivos o pescoço de cada um de nós encontra para protestar.
Estou buscando alternativas para evitar que todos estes sintomas tão comuns na atualidade se instalem e me boicotem. Porque uma deprezinha de vez em quando, má postura, insônia, ansiedade, cansaço e preocupação, não tem como evitar na meia idade. Por que não tem como evitar filhos adolescentes rebeldes, onipotentes e que sabem tudo. Nem filhos formados desempregados que definitivamente não encontram sua cara metade e nem emprego. Nem maridos na famigerada crise da meia idade. Nem pais que começam a adoecer e a nos requisitar cada vez mais. Nem quilos extras, rugas, olheiras, cabelos brancos, TPM, e quem sabe, sinais da menopausa. Parece que o universo inteiro se une para conspirar contra nós. Simplesmente, tudo acontece ao mesmo tempo. E nós mulheres, enfim declaradas o sexo forte, acabamos por absorver tudo, e parece que o órgão que se apresentou para dar conta do recado, às vezes, e em algumas pessoas, é o pescoço.
Querido. Acho que ele não percebeu o próprio tamanho, nem o tamanho de tudo que tem para resolver.Talvez quando ele se dê conta, ele fique “scrundlisch”. Ele acabe não agüentando o tranco e proteste de outra forma: se amassando, despencando, enrugando. Sem saída.
Mas como sou otimista, sigo o que meu médico e vários outros sofredores de pescoço me indicam: remédios, alongamento, pilates, yoga, natação, meditação, massagem, bolsa de água quente. Vou alternando. E vou levando.
Quem sabe um dia, uma simples gola olímpica seja o suficiente.
São Paulo, novembro de 2007.

Oi!!!!! Voltando........

A crônica que segue abaixo foi escrita em outubro de 2008, mas bem que poderia ter sido escrita na semana passada. Cadê minhas dez páginas escritas e toda a revisão de 200 páginas do meu novo livro "Longe de tudo e de todos"? O computador engoliu.
Com certeza já melhorei muito e raramente me atrapalho com o que escrevo, a não ser quando resolvo sabotar meu trabalho. Até agora a única explicação para o sumiço deste material.
Ou seja, como se não bastasse, ando perdendo preciosidades literárias, enquanto os dias vão passando e meu prazo batendo no gongo.
Por isso, vai ai mais uma crônica antiga.



Presente de grego

Ganhei de presente um notebook de meu marido.
Acho que o fato se deu, num momento de acesso de culpa, que ás vezes, suspeito eu, ele acha o trabalho dele mais atraente que o meu, ou então, ele está me sinalizando que eu também deva trabalhar alucinadamente como ele. Ou quem sabe, e não duvido, o notebook dele é cheio de possibilidades e recursos, que decididamente não é o meu caso.
Afinal sou uma simples mortal falível de carne e osso. Ou, quem sabe ainda, ele quer que eu sinta na própria pele, e tenha, assim como ele, um caso de amor com meu notebook. E assim ambos ficaremos culpados. E portanto, quites. E se for esse o caso, ele deve se sentir mais seguro em deixar o seu notebook tranqüilamente na beira da piscina, sem que haja o menor risco do “note” ser jogado dentro dela. Minha maior ameaça feita a minha rival até agora. Que moleza, sem possibilidade de resistência ou revide! Pelo menos não daquela caixinha retangular, que ele carrega consigo por todos os lados.
Pensa! Ela é retangular, nem ao menos tem formas arredondadas!!! É fria e dura. De aparência padrão. Por mais que tentem modernizá-la, ela é sem graça, coitadinha!
Mesmo assim, acho que às vezes sinto ciúmes dela e desta relação. Parece ser um contato tão íntimo e intenso. E é apenas uma caixinha, e que custa umas três bolsas Vitor Hugo (no mínimo), uns dois óculos de sol Prada, ou quem sabe, uns três da marca francesa Chanel. Isto que estou mencionando aqueles modelitos mais simples, tanto de notebook, como de bolsas ou óculos!!!!! Porque a dita cuja pode custar, ou valer, como ele insiste em dizer, a troca do meu carro que já está com os pneus carecas, passou dos 100.000 Km, e já é quase peça de Museu de Automóvel.
Isto sem contar que ela vai com ele em todas as viagens e reuniões de negócios. Não importando hora ou lugar. Tem presença garantida sempre. Não existe o menor risco de ser esquecida em casa, muito menos de não ter lugar para ela no avião, ou ser presença inconveniente no escritório. Definitivamente ela está em todas e com tudo. Está presente de segunda a segunda, em seu dia a dia. Mas faz um barulho tão estranho!!!! Pelo menos não conheci nenhuma que fizesse barulhos mais provocantes e sensuais.
Ou melhor, até faz. Ela é muito cúmplice e sem-vergonha em mostrar muitas safadezas e sacanagens. Aquelas que os homens tanto gostam! E que parece ser a única corrente que eles não se importam em levar adiante no mundo virtual. E ela, aquela caixinha preta sem graça e sem curvas, se presta ao papel. Sem resmungar e sem omitir nada, reproduzindo com perfeição cada detalhe visual ou sonoro.
E para isso eles sempre têm um tempinho!
Aliás, o tempo. Este é interminável. É uma relação prazerosa que dura horas e horas, e quando a bateria está acabando, basta plugar na tomada e recarregar. Que ela continua com a mesma vitalidade e poder de sedução do começo de tudo.
Bem, pensando em tudo isso, acho que ele foi muito esperto!
Foi uma tacada de mestre. Xeque-mate.
E eu que fiquei toda alegrinha com o presente, certa de ter ganho esta preciosidade por amor, consideração e carinho!
Agora que já a aceitei, não tem como expulsá-la de casa. Isto seria tão deselegante e certamente, não combinaria comigo!
Decidi que preciso me acertar com ela, me relacionar de forma positiva, madura e adulta com a dita cuja. Afinal, ela é só uma caixinha preta sem graça e sem curvas, modelo padrão. O que pode dar errado?
Bem. O que ainda pode dar errado?
Além de ficar sem bateria logo quando eu mais preciso dela? Cadê o cabo de conexão que ela nunca leva consigo, e que vira e mexe se esconde dentro da minha pasta? Pior é que ela é tão sonsa que nem apita quando a energia dela está por um fio.
O que mais me deixa indignada é que ela me sabota e bagunça meu trabalho. Simplesmente, nunca encontro as coisas que deixei organizadinhas dentro dela. Quando encontro, nem imagino como foram parar onde estão. Isso sem contar que na hora de me deleitar com bobagenzinhas que algumas amigas me mandam, através dela, ela diz que não pode entregar, não pode abrir o programa. Safada!
Mas tenho uma teoria. Antes de ser minha, ela foi de meu marido. Claro! O modelo mais moderno seria para ele.
Então, ou ela está se vingando de mim, por todas as ameaças que fiz a ela no passado, ou ela está se vingando do meu marido, por ter sido trocada.
Viu como é que é?
Lajeado, outubro de 2008