quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Bagunça Criativa


Infelizmente não tem como esconder. Sou uma bela bagunceira quando o assunto é criar. Foco toda minha atenção no resultado final e por mais que curta todo o processo não consigo organizar materiais enquanto estou criando. A arrumação bagunça minha inspiração. Perco o fio da meada, a ideia, a composição. Na arrumação perco inclusive meus materiais.


À medida que vou fazendo minhas páginas de scrap, tudo se avoluma à minha frente. São retalhos de papel, fita dupla face, lápis, tesouras, estiletes, réguas, folders, fotos, mapas, adesivos. Vira e mexe preciso erguer cuidadosamente cada material e descobrir meus desaparecidos e banidos. Em determinado momento o entulho fica quase que intransponível e irrealizável: hora do cafezinho e uma rápida reorganização de materiais e equipamentos sobre a mesa e lixo na cesta ao lado.


Perco parte das ideias neste processo. Encontro outras. No somatório das duas, o fluxo criativo se renova e ganha força. Estou finalizando o álbum 20X20 de NY. Faltam apenas algumas páginas. E quando o trabalho estiver concluído, organizo tudo. Tintin por tintin. Cada coisa é limpa e guardada para ser usada mais adiante. É assim que funciono.


Este “modus operandi” se repete quando cozinho (pilhas e pilhas de louça suja na pia e ingredientes sobre a bancada, inúmeros pratos saborosos sobre a mesa), quando bordo (lã por todo lado, belíssimos e coloridíssimos arraiolos bordados), quando escrevo (anotações em inúmeros papeizinhos, dicionários e livros me cercam em 360 graus). Pareço uma choca chocando ideias e criações. Tudo precisa estar ao lado, à mão. É assim que pinto, costuro, trabalho, e porque não dizer, é assim que vivo.


Sou uma bagunceira nata, criadora voraz e determinada, concluindo a vida dia a dia, reorganizando para o amanhã. Quando recomeço a criar e viver. Quem me lê e não me conhece, deve imaginar que vivo num chiqueiro ou no olho do furacão. Engana-se. Tudo tem seu lugar e seu momento.


Comida é o novo sexo

Esta frase de Bruna Lombardi, do filme “Em busca da Felicidade”, tem martelado minhas ideias e compreensões, desde que sai do cinema, no último sábado. Companhia diária e voraz, fica fungando minha nuca espreitando minhas escolhas alimentares. Na noite em que a adotei, logo aconchegou-se no meu colo e exigiu espaço em meu olhar. Depois do filme fomos no Galeto’s alimentar o corpo de branco e verde. Prato bonito e saudável.Ao lado, uma família procurava fazer o mesmo. Um avô debochado, pai e mãe obesos e uma filha magra desertada. Apenas seu prato indicava sua presença. Mas aquela presença ausente inundou a mesa. Sob o olhar sorridente do avô a irritação atingiu a obesidade dos pais em cheio. Frente aos pratos nus, aquele transbordante delatava a deserção da filha. Olhares aflitos aguardavam impacientemente sua chegada, celular mudo, os pais levantam-se para sumir do olhar sarcástico do avô e do prato sorridente a sua frente. Vão em busca da fujona consumista. Neste meio tempo, eis que surge a menina. O avô apenas comenta da aflição dos pais, com olhar sarcástico. Entre uma garfada e outra do verde saudável, ela localiza os pais. Já está na mesa com o avô, é toda sorrisos e satisfação. Os dois não tardam a chegar. Desmontam sobre suas cadeiras. O olhar perscrutador revela o instinto assassino e sanguinário frente a filha independente e o prato recém tocado. Além de independente a menina revela-se muito inteligente. Com gestos suaves e olhar tranquilo ela descarrega seu meio frango desossado no prato do pai, sua porção de creme de espinafre no prato da mãe. O avô, antes sorridente, se cala. Começa a mexer nos casacos, mostrando sua pressa ante o prato vazio. Percebeu que a neta não o calaria com comida. Ele não merecia, afinal foi um mero espectador do teatro familiar. Assim como eu. Saímos antes do “gran finale”. A cena cimentou a frase. Comida é prazer, descoberta, fuga, companhia, perdão, obsessão. Preenche qualquer falta qualquer corpo qualquer necessidade.Saindo da Praça de Alimentação bisbilhotei outras mesas, restaurantes, cafés e lanchonetes. O olhar e o corpo repousado depois da orgia consumista e gastronômica era só sorrisos, satisfação, sensualidade e provocação. A energia libidinal era palatável e transmitia uma saciedade civilizada. Desviei meu olhar voyer e numa busca inocente por sinalização para dar o fora dali, me deparei com as placas de Praça de Alimentação. Poderíamos chamá-las de Motel Tentação ou Prazer A Qualquer Hora ou Preliminares Doces E Picantes ou..........Sirvam-se. Sentadinha no carro, com o estômago satisfeito e a cabeça cheia de ideias, pensei na noite propriamente dita. Cama e sexo? Ou apenas o relaxamento sensual e provocante e o sono gostoso dos prazeres satisfeitos?
Tenho que me livrar dessa adoção urgentemente.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Filmes

Ando assistindo muito filme. Acho que é cansaço. Preguiça talvez. Certeza é que sonada, produzo pouco. Dolorida, faço quase nada. A regressão em frente a qualquer telinha até tem seus encantos, quando todo resto mostra-se distante e inalcançável.
“Quero matar meu chefe” foi o primeiro desta fase. Hilário e imperdível. Certeza de boas gargalhadas. Recomendadíssimo. Fomos eu e a Si no Cine TAM a bordo de um saco de pipocas. Despedida das guloseimas e preparação para a dieta.
Sempre tive uma quedinha pelo “Predador” mas tenho que reconhecer que andam avacalhando meu Ídolo do Mal. Depois de Predador 1, 2 e 3, Predador X Aliens, inventaram o “Predadores”. Está passando na SKY. Começo a sentir pena do meu vilão.
Também assisti Cleópatra, com Elizabeth Taylor e Richard Burton. Filme antiguinho, mas um épico. Um dos meus gêneros preferidos. Também na SKY.
No cinema também fui ver “Onde está a felicidade”. Agora já sem pipocas. Bruna Lombardi é uma chef de cozinha em crise existencial, afetiva e profissional. Rapidamente o casamento entra em crise, o marido entra em crise, e por que não dizer, o próprio filme entra em crise. Entre a caminhada peregrina de Santiago de Compostela e a cidade de São Paulo a trama se desenvolve. Ora agradando ora irritando. Algumas cenas bem que poderiam ser cortadas. Poucas reflexões e insights. Algumas frases geniais, algumas risadas. “A comida é o novo sexo” foi a frase que ficou. Em meio à dieta estou à míngua. Para quem foi peregrina em Santiago de Compostela esperava mais. Muito mais. Fico mais exigente quando estou com fome.
Assisti a outras reprises. Na TV. Teve a noite catastrófica com “Um dia depois de amanhã” seguida por “Independence Day”. Do início ao fim. Além de muitos pedaços de filmes, pescarias, caçadas, obras, gazelas, zebras. Enfim, o tipo “olhar TV com o marido”. Vários filmes e programas ao mesmo tempo. Hora de buscar o bordado pra não pirar ou brigar. Com fome vivo no limite.
Nesta semana o controle remoto é todinho meu. Filmes completos com direito a comentários e se der outra recaída, à pipoca também. Maridinho foi viajar. A cama também é todinha minha.
A dieta está me deixando preguiçosa, cansada e pouco criativa. E o pior de tudo, egoísta.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Recaída

Fico maluca ao me pesar depois de dias e dias de privação, fome e sacrifício, e perceber que o esforço pouco valeu a pena. Quando estou de dieta evito me pesar. Conforme o número da balança a decepção é imediata e a recaída idem.
Foi o que aconteceu hoje. Segunda-feira. Seis dias de academia, onze de dieta. Reconheço que não estou seguindo religiosamente o menu prescrito pelo médico, mas devo ter eliminado pela metade ou mais, as calorias diárias. Nada de bolos, doces, sobremesas, batatas, refris, vinho, lanches, salgados, amendoins. Ou seja, estou espartana no comer e beber há consideráveis onze dias. Se seguisse a prescrição médica certamente já teria desmaiado ou entrado em apatia total. Comida de coelho me deprime. Reconheço também que minhas manhãs na academia não tem sido tão produtivas quanto gostaria. Primeiro porque a primeira semana é a primeira semana. Horários de avaliação e entrevista, reconhecimento de atividades e possibilidades, ritmo lento e evitação de dor ( a exceção foi o pilates que debulhou corpo e alma). Tá certo que estou seguindo as recomendações – nada de excessos e exageros – mas a sensação é de incompletude e fracasso. Soma-se a isto um conflito matinal diário: tenho tanta coisa pra fazer em casa, preciso escrever, terminar meus textos técnicos, ler, arrumar a bagunça do atelier, finalizar o álbum de NY. Sem contar na vontade de dormir até mais tarde e funcionar no piloto automático. Acrescenta-se ainda dois mal-estares (dignos de calafrios, vertigens e pressão baixa) e uma senhora enxaqueca durante as sessões de academia. Além do depois. Cansaço e dores. Minhas tardes se arrastam nas migalhas de energia. Estamos sobreviventes.
Então hoje, foi dia de programação e entrevista na musculação. Por ordens médicas só membros inferiores. Minha tendinite e bursite nos ombros me livrou de parte do menu matinal de torturas. Apenas membros inferiores. Pelo menos. E por enquanto. Dia de pesagem e medidas. Já vou avisando logo que não quero nem saber. Podem tirar meus números à vontade. Minha única condição é a total ignorância. Conheço muito bem o efeito diabólico da consciência destas informações na minha motivação e determinação.
Apenas, esqueci do efeito curiosidade. Não dizem que a curiosidade matou o gato? Pois é, a minha matou minha disciplina e alegria em plena manhã de segunda-feira. Mesmo desviando o olhar da balança, o número na ficha deixada displicentemente a um braço de distância e visível a minha cegueira quarentona foi devastadora. Como?
Ao colocar o jeans, pernas apertadas.
Ao passar pelo shopping, um saco de balas.
Amanhã, às 9:00 recomeço tudo de novo.
O bom da recaída é que ela vale cada tiquinho do pecado cometido.

"Feliz por nada"

Último livro da Martha Medeiros? Acho que sim. Pela ficha catalográfica é de 2011. E imagino que 2 livros ela não publicou este ano. Fico confusa quando compro livros de escritores conhecidos. Sempre que vou na livraria, os livros ficam todos juntos. Então nunca sei qual o primeiro, o terceiro, o último. Enfim.
“Feliz por nada” foi meu livro de respiração. Aquele, entre um tijolo duro e um tijolo denso. A leitura flui sem esforço e trabalho, assim como respirar. A autora traduz em palavras o que pensamos, sentimos e somos de uma forma fácil e prazerosa. Penso que é sua grande característica. A simplicidade.
“Trem Bala”, “Coisas da Vida”, “Montanha Russa”, “Divã” entre outros, dividem espaço em minhas prateleiras com Lya Luft. “Perdas e ganhos”, “Pensar é transgredir” foram meus primeiros contatos com Lya. Sempre que fico em dúvida sobre o que ler e não tenho indicação nem inspiração para inovar, procuro quem já conheço. Tanto Lya Luft como Martha Medeiros são escolhas com erro mínimo. Me foi indicado o também gaúcho Carpinejar. Estou lendo seu “Mulher Perdigueira”.
Continuo respirando. Antes do próximo tijolão. O escolhido?
“Incesto” de Anaïs Nin.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Na academia


Nem vi meu amor sair da cama
Fazer barulho pra ganhar café da manhã.
Estava em coma e não sabia.
Exausta fui erguida.
Beijo gostoso de despedida.
Pilates às 9?
Fui.
Ainda dormindo encontrei Patrícia
Animadíssima.
E eu, aninhada no casaco quente
Acordando. Ela, espevitando há horas.
Ritmos. Apenas isso, pensei.

Pilates sem aparelhos?
Ok, nunca fiz.
Em pé
Braços, pescoço, cabeça, nuca, tronco.
Agradável alongamento
Variável e diferente.
No chão.
Hora das pernas, glúteos e abdômen.
Sinto-me uma parkinsoniana.
Tremo inteira
Mal consigo ficar alinhada.
Joelhos com quadris? Onde fica?
E caio na lona.
Exaurida. Trêmula.
Céus, sinto-me um caco desgovernado.
Uma baleia à deriva.

Ioga. Graças a Deus.
Dia de trabalhar respiração.
Inspirar e expirar. Inspirar e respirar.
Pulmões e nariz em ótimo estado.
Respiro pelos olhos e pelo coração.
Em ótimo estado.
Levar o umbigo até a coluna. OK. Foi.
Sentir o assoalho da pelve
E fechar as cavernas.
Contrair e descontrair.
Me conecto com o mundo
E comigo mesma.
Ooooouuuuuuuuummmmmmmmmmmmmm.
Um cobertorzinho.
Oooooouuuuuuummmmmmmmmmmmmmmmm.
Derrubadézima.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Animada na academia


Um recorde, digno do Guiness.
Foram várias as academias ao longo da vida.
Poucas horas, muitas dores.
Pouco resultado, muitas desculpas.
Enfim, tenho que me render:
Já era sem tempo.
Dedicação total em tempo parcial.
Minhas manhãs viraram agito:
Esteira, ioga, musculação,
Dança do ventre e hidroginástica
Alooooooongamentos e localizada.
O menu de meia semana,
Três dias já é um começo.
Melhor que a solidão e o tédio.
Quem diria!!!!!

Na aula de dança do ventre
Me lembrei da Glória.
Lembra da Glória?
É a simpática e desengonçada hipopótamo
De Madagascar.
De frente ao espelho
Impiedoso e cruel
A imagem, antes aterrorizante
Virou risos e graça.
Minhas jovens colegas garças
E eu, Glória de 49,
Rebolamos e giramos
Felizes e soltas.
É melhor o humor
Sem pudor sem vaidade
Corajoso e determinado.
Quem sabe Glória vira garça?
É melhor ter esperança.
Senão, senão....... nada.
O espelho
Um velho amigo recuperado?

E desde quando academia combina com poema? Se é que combina.
Mas a poética do culto ao corpo foi inspiradora.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Precisamos falar sobre o Kevin


“Precisamos falar sobre o Kevin” foi a leitura da última semana.
Lionel Shriver, autora de “O mundo pós aniversário” tem um jeito muito especial de escrever e retratar suas histórias e opiniões. Expressões fortes e temas polêmicos. Não tem como sair ileso das páginas trabalhadas com o afinco do bom escritor. Enquanto “O mundo pós aniversário”, inicialmente confuso (ao menos para mim) evoluiu para uma história com duas possibilidades e finais, “Precisamos falar sobre o Kevin” é a história de uma mãe que fala de seu filho assassino (versão High School Columbine) que mata e fere colegas, professores....... O tema é pesado, difícil, cheio de questionamentos sobre culpas, sociedade, a maldade humana. O texto é excelente, a história também. Através de cartas, a mãe de Kevin escreve ao pai do menino sobre seus sentimentos, percepções, reflexões e fatos vividos desde o momento em que decidiu ser mãe até a quinta-feira fatídica, dia em que a vida dá uma guinada colossal na vida de toda sua família. O livro transita pelo passado, presente e futuro.
É uma surpresa página à página.

Projeto 5.0


Poderia ser 10.0, Nota mil, Iso 900000000. Tanto faz o número associado. O importante é a ideia. Anos atrás, trabalhando em uma escola, entrei para o universo dos projetos. Havia projetos específicos para pais, alunos, professores. Escola de Pais, Curtindo a Adolescência, Até Logo, Acompanhamento ao professor. Eram trabalhos especificados com tarjas, objetivos, cronogramas, atividades propostas e tudo que se lê em qualquer projeto escrito só que colocado em prática diariamente e avaliado semanalmente e semestralmente. Adorei meus projetos e meu trabalho, mas acima de tudo, amei a metodologia usada para terminar o ano letivo com objetivos alcançados.
Costumo iniciar o ano com metas a serem atingidas nos próximos 365 dias. Divido até por categorias: familiar, conjugal, pessoal, saúde, profissional, acadêmico, lazer. Subdivido as categorias por atividades propostas: perder peso, viajar para determinados países, fazer check up, cursos, finalizar trabalhos manuais, ir mais ao cinema, mudar de visual, trocar as cortinas, etcetcetcetc. Ano após ano, fico feliz com meus avanços e sucessos e desapontada com meus fracassos. Onde eu mais costumo trancar é na parte do “emagrecer X quilos, atividades físicas regulares e alimentação mais saudável”. Vira e mexe, como mais doces do que deveria e caminho muito menos do que precisaria. A conta é fácil de fazer. Continuo fofinha, muitas roupas que adoro não passam dos joelhos, a balança continua hedionda e cruel, e eu me sentindo A Fracassada.
Assim surgiu a ideia do Projeto 5.0. Às vésperas de fazer 50 anos, decidi entrar na metade do meu século de vida com tudo em cima. Depois do check up total, procurei um endócrino e uma academia. Gastei uma pequena fortuna em medicamentos e academia. Agendei consulta com cirurgião plástico e reservei um mês para intervenções e recuperações. Acho que agora não tenho mais volta.
Mas acima de tudo, escolhi que precisava mudar e me adequar a minha nova vida. Escolhi cuidar do meu corpo como cuido da minha mente, cultura, casamento, família, filhos e projetos profissionais/ acadêmicos e de lazer. Decidi que ficar bonita e atraente é um projeto que vale à pena. Cansei do eterno discurso fracassado e engraçadinho do “de novo”, “de novo”, “de novo”. É hora de mudar de discurso e de resultados.
Assim sendo, hoje foi meu primeiro dia de academia. Em plena segunda-feira chuvosa. Nove horas da manhã. Uma hora de esteira e bicicleta + uma hora de exercícios localizados com peso. Se esperasse mais uma hora, faria a aula de hidroginástica. Se fizesse isso, possivelmente amanhã eu não sairia da cama. Amanhã a proposta é esteira e bicicleta + yoga + hidroginástica (se conseguir sair da cama sem auxílio).

Uma mistura de sentimentos.

Este é meu primeiro conto da fase intermediária do meu curso de escrita criativa. A proposta não foi minha, mas da profe Noemi. Vivendo em São Paulo onde congestionamentos e stress no trânsito são frequentes e diários, pensei em ambientar os sentimentos de um assassino minutos antes de cometer o assassinato, nesta panaceia. Porque dias de fúria todos temos, descompensações e desejos idem.

Uma mistura de sentimentos. Julia estava felicíssima por finalmente ter ganho seu tão desejado carro e ao mesmo tempo, furiosa demais por que mais uma vez, seu ilustríssimo marido, conseguiu arrumar um imprevisto e não pode acompanhá-la para retirar seu tão sonhado carro. Importado, vermelho, acabamento manual no volante e nos bancos de couro. Demorou 20 longos e sacrificados anos, mas enfim, seu marido muquirana reconheceu seu valor. Feliz da vida e perdida em pensamentos, Júlia simplesmente mudou de faixa e fechou o camionetão, que freou bruscamente cantando os quatro pneus. “OPS”. Júlia acariciou o volante imaginando a tragédia que poderia ter acontecido. Olhou para trás pensando em fazer sinal para se desculpar e agradecer, mas o que viu foi o camionetão colado em sua traseira, fazendo sinal de luz e buzinando alucinadamente. “Será que o cara ficou brabinho?” Deu a seta tentando sair da avenida movimentada e se afastar do mau humorado e impaciente motorista. Surpresa, viu que o dito cujo teve a mesma ideia e antes de pensar em qualquer coisa viu-se fechada pelo camionetão, que além de cortar-lhe a frente, freou de forma tão assassina que ela simplesmente, mergulhou embaixo daquele monstrengo. Saiu estupefata do carro e viu seu presente - com menos de 20Km rodados - amassado como papel e sucateado como ferro velho. O homem que saiu de dentro daquela geringonça grandalhona estava colérico. “Sua baleia barbeira, o que é isso? Comprou a carteira? Além de me fechar conseguiu bater na minha traseira em menos de dez minutos!!!” O homem olhava e gritava um rosário de impropérios machistas, cercando-a como um felino raivoso, mas Julia, só tinha olhos para seu tão sonhado carro, imaginando a cara do marido quando soubesse de sua proeza. “Moço, eu não tive culpa. Acabei de sair da agência, nunca ando por estes lados, e quando troquei de faixa estava tão distraída e feliz! Não percebi que o senhor estava ao lado, tão pertinho de mim.” “Tenha dó né madame, acho bom a senhora chamar seu seguro ou seu marido. Se é que tem um.”. “Não assinei o seguro, meu marido é quem deveria ter assinado e saí da agência.............sem seguro. Céus, o Arnaldinho vai me matar”. “Ou eu se a senhora não assinar agora mesmo um cheque pra pagar a despesa.” “Como é que é?” “Isso mesmo. Pensa que sai por aí fazendo barbeiragem e fica por isso mesmo?” “Moço eu nunca bati....” “É, e esse carro metido a supositório na traseira da minha camionete é o quê?” “Foi o senhor que brecou deliberadamente para que eu batesse.” “Prova isso, sua barbeira mão de vaca”. E antes que Julia pudesse pensar no que dizer ou fazer, o homenzarrão circulou em volta do que restou do seu carro, dando chutes e pontapés na lataria antes acetinada, vermelha e brilhosa. “Nunca bateu, é? E esses amassados, o que são?” “Acho bom o senhor parar AGORA porque estou chamando o polícia.” “Ótimo. A senhora sabe que quem bate na traseira é sempre o culpado.” “Vamos ver.” “Ficou valente é? Se não sabia dirigir porque se meteu neste trânsito pesado?” Julia ficou muda, olhando seu presente destruído, o coração batendo na cabeça prestes a explodir e a lembrança de tudo que ouviria . Louca, gorda, barbeira, imprestável, burra. Arnaldinho tinha um jeito tão cruel de tratá-la e agora, AQUILO. Aquele homenzarrão troglodita passara a olhar para ela com um olhar zombeteiro. Assim como Arnaldinho fazia. E a polícia que não chegava. E quando chegasse, possivelmente olhando a cena, diria que era a culpada e junto com o homenzarrão e Arnaldinho diriam que era uma barbeira que deveria ter ficado em casa lavando panelas. “Como é que é? Vai chamar o seguro ou o marido?” Julia estava cega. O ódio circulava furiosamente por todo seu corpo. “No mínimo o maridão está muuuuuuito ocupado.” Julia olhou para o homenzarrão. Entre ele e o caminhão truck embalado – que se aproximava sinuosamente na pista ao lado - apenas alguns metros. Entre ela e ele alguns enfurecidos centímetros. Levantou os dois braços e empurrou o homenzarrão com tanta força e ódio, que era exatamente o que faria com Arnaldinho da próxima vez que surgisse algum imprevisto. Ouviu apenas o PLOFT. Sentou-se na calçada e esperou a polícia chegar.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Dicas de Sucesso

Anos atrás fiz um curso de Personal Coach e aprendi estas dicas de Brian Trace. Procuro, na medida do possível, segui-las à risca.

1. A maioria das pessoas bem sucedidas são pessoas normais. Todas tem disciplina e fé (expectativa) com visão de longo prazo;

2. Ninguém chega lá sozinho. Contribua com o grupo (coletividade) e não apenas extraia do grupo. Faça parte de sociedades;

3. O caminho para o sucesso é árduo;

4. Independente do desafio, o fundamental é o foco no futuro, na solução e nas coisas boas;

5. Pense em obter grandes recompensas. Propósitos e objetivos extraordinários. EX: Napoleon Hill – Sonhar sem críticas e sem julgamentos; Walt Disney (mestre da criação) – Viver a vida em busca de seus sonhos;

6. Defina e viva por seus valores. Indivíduos de sucesso possuem critérios elevadíssimos. Tenha-os e viva-os;

7. Seu sucesso na vida será diretamente proporcional ao que você fizer depois que tiver feito o que se espera que faça. Faça 120%;

8. Supere as três emoções essenciais (medo, preocupação e dúvida);
FEAR (Falsas Evidências Aparentemente Reais) = medo.

9. O futuro é de quem assume riscos (enfrenta desafios) sem ser inconsequente;

10. Pessoas de sucesso entram em ação. Mas com planejamento;

11. Existem três diferenças fundamentais entre o pessimista e o otimista: Tempo: Otimista – agora
Pessimista – agora + passado + futuro

Tamanho: Otimista – detalhe no problema
Pessimista – generaliza o problema

Responsabilidade: Otimista – assume o problema (o que fazer para resolver e superar o problema?
Pessimista – delega para o outro e generaliza.

12. Busque o conhecimento necessário (você vai precisar). A cada 7 anos a quantidade de conhecimento dobra. Conhecimento dá status e segurança;

13. Decida nunca ficar ocioso;


14. Você é melhor do que imagina;

15. Cuidado: Fracassos apaixonam-se por suas desculpas. Crenças limitantes justificam o fracasso (não tenho dinheiro, não tenho tempo, etc.);

16. Fale sobre ideias, não fale sobre pessoas;

17. Respeito e padrões elevados de Ética. Saiba diferenciar quais são os valores Inquestionáveis e Incorrompíveis (amor, justiça, honestidade, contribuição, etc) e outros com menos grau de exigência;

18. Persevere até conseguir (10 é bom.........20 é excelente) Não existe sucesso imediato. Ação – Erro – Aprendizado, e vá em frente. Precisa buscar muito para realizar. Possível mudança de caminhos e outras opções. Não mantenho o caminho que nunca dá certo;

19. Comportamentos evidenciam o que acreditamos;

20. Resultados evidenciam se você está utilizando as Dicas de Sucesso.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Zoos




Neste fim de semana - Dia dos Pais - o passeio foi uma inocente ida ao Zoo SP. Taí um passeio esquisito. Diferente. Triste. Alegre. Reflexivo. Agitado.
Fazia mais de vinte e dois anos que visitamos o Zoo de São Paulo. Nestes anos todos visitei vários outros, mas com a chegada do filhote Felipe (por ocasião do Dia dos Pais) decidimos que seria um passeio quase inédito. A última vez que fomos ele tinha apenas 8 meses. Era um bebê fofucho e lindo!!!! Continua assim: fofucho e lindo!!!!! Fofucho quer dizer querido e amado, nada a ver com gordo, fui clara?


Aqui em casa cada um gosta de bichos distintos: o meu favorito é sempre o elefante. Adoro ver aquele gigante de olhos pequenos e meigos deslizando suavemente e desajeitadamente para lá e para cá. Adoro ver a tromba subir e descer e levar comida até a boca delicada, além das orelhas de abano servindo de leque e mensageiro. Os elefantes sempre me cativam, onde quer que estejam. No Animal Planet, no Kruger Park, no Zoo, em fotos ou revistas. Eles sempre me pegam. Um dia ainda vou andar de elefante. Já o maridão adora os pássaros. Todos. Do menor ao maior.


Felipe adorava os jacarés. Quando pequeno ele zanzava pela casa com um enorme “jaca” arrastando e se esfregando pela casa. Era com um “jaca” que ele dormia à noite. Mas sábado, nenhum jacaré do Zoo SP chamou sua atenção.



Já minha filha Fernanda (também fofucha e linda!!!!!)sempre foi e ainda é apaixonada pelos felinos. (Viu Fernanda? Elogios iguais aos dois. Ciúmes é coisa levada a sério na nossa família. Como anda a contagem de vezes em que cada nome aparece????rsrsrsrsr)


Apesar de admirá-los e fotografá-los de vários ângulos e posições, ver os animais naquele grande Animal Big Brother sempre me entristece. Assim como me entristeço quando vejo animais expostos em Pet Shops. Parecem simples mercadorias para compra e venda. Quando na verdade são seres vivos intensos em sentimentos e alma. Vê-los, assim expostos, sem privacidade nem sossego, é algo, desanimal. Quase desumano.


Lembrei de uma experiência feita anos atrás quando um casal foi colocado numa jaula. Como animais. Na época, a cena chocou. De lá para cá muita coisa mudou. Com a chegada e o sucesso do Big Brother e de todas as mídias sociais, cheguei à conclusão de que todos somos animais num grande zoológico global. Porém, diferentemente dos animais do Zoo SP (e de tantos outros visitados) que se esgueiram pelos cantos buscando paz e invisibilidade em seus espaços enjaulados, cada vez mais, nós - seres humanos – nos expomos narcisicamente. Queremos ser vistos, admirados e fotografados. Ansiamos por este reconhecimento que nos permite ser e existir como seres únicos, mesmo vivendo em tribos, manadas e rebanhos - como zebras e búfalos.
A vida humana não é um grande Animal Planet?



Ando "curtindo" um moooonte!!!!



Sabe aquele clic inocente, desligado mas nem tanto, aquele que a gente clica sem grandes responsabilidades, mas que fica registrando nossa passagem e assim garantindo que continuamos na roda? Pois é, ando curtindo um mooooonte no Facebook.
Muitas vezes depois de ler mensagens, ver fotos, convites, etcetcetc abro a caixinha do comentário. Paro e penso: escrever o que? Fecho e clico no “Curtir”. Dei meu recado. Passei por aí. Olho os outros comentários. Abro todos eles e leio, um a um. Quem disse o que, quem respondeu e como respondeu. Três, quatro, cinco palavras. Em geral gírias novas ou abreviações. Volto e abro a caixinha do comentário. Recuo de novo. Não. Não consigo dizer tudo o que penso em meia dúzia de palavras soltas e abreviadas. Vago e superficial demais. Prefiro ficar com o “Curtir”. Uma palavra só. Mas um oceano de possibilidades.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Cheio de Charme



Depois de apenas 3 dias e noites extenuantes, acabo de ler as 784 páginas de “Cheio de Charme” de Marian Keyes, superando minhas expectativas. O primeiro livro que li da escritora foi “Férias” numas férias alguns anos atrás. Depois, li “Sushi”. Ainda não li “Melancia”, seu mais famoso livro. Está na lista dos compráveis.
Assim como os outros, “Cheio de Charme” é uma leitura leve, fácil e divertida. Diferentemente dos outros, aprofunda e intensifica temas polêmicos, como o alcoolismo (recorrente na obra de Marian), a violência doméstica, a política e até mesmo o travestismo.
Mas sua marca está em cada linha do romance, carregado (apesar dos temas) de muito humor, sarcasmo e ironia. Expressões de impacto e citações bárbaras. Muitos diálogos inteligentes , diretos e hilários.
Sem contar no design do livro como um todo.
Bem Marian Keyes.

domingo, 7 de agosto de 2011

Domingo de sol


Domingo de sol é tudo de bom.
Passeio de moto ao Parque do Ibirapuera, caminhada descontraída e muitas fotos do arvoredo florido.
Os ipês estão rosas e amarelos.

Os caminhos fervilham de crianças, carrinhos, cachorros, skates, patins, jovens, velhos, altos, baixos, bicicletas, gordos, magros, negros, brancos, vendedores ambulantes, amarelos, bandos, duplas ou simplesmente, sozinhos.
Até os cisnes negros grasnam e desfilam sinuosos pelo lago.


Ladeados por patos e flanqueados pelas carpas.
O parque está fervilhando. Além do sol, o calor fora de época.
Pra refrescar, caminhada no matinho - na pista de cooper - e um coco gelado e docinho.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Check up

A lista de exames é enorme, apesar de só ter consultado dois médicos: o gineco e o ortopedista.
Decidi adotar um gineco em SP, recomendado pelas amigas. Como ele não me conhece - e possivelmente duvidou quando disse que sou uma mulher saudável – caneteou logo quase um bloco de exames: mamografia, ultrassonografias, sangue, urina ....... Um saco. Felizmente, apenas rotina. Apesar de não gostar definitivamente de ser tocada, mexida, espremida, lambuzada (por estranhos)..........repito a cada um ou dois anos, conforme orientação médica, todos os exames que me são solicitados.

Acredito e pratico a prevenção.

Por mais doloroso e detestável que seja.
Já o ortopedista, também recomendado, é por necessidade e urgência.
Venho alternando dores há mais de um ano. Em 2010 padeci com meu ombro esquerdo. Em 2011, parece que a dor só mudou de lado. Mas, diferentemente do ano passado – quando chorei de dor – resolvi buscar ajuda e tratamento antes de voltar a chorar. É aquela velha história: machuquei, tomei anti-inflamatório, Tynelol pra dor, bolsa de água quente, massagens. Ajudou? Ajudou. Mas não curou.
Tudo indica que um lado compensou o outro. O direito compensou o esquerdo e agora, o direito dói e o esquerdo vai ter que se apresentar. São as polaridades, simetrias e complementariedades. Quando um não faz, o outro assume, e quando o segundo se sobrecarrega, joga a toalha e devolve pro primeiro. Se conseguir ele reassume. Senão, problemas à vista.
Se pensarmos bem, na vida também é assim: enquanto tiver quem me leve pra cá e pra lá não aprendo a dirigir; enquanto tiver quem pague minhas contas pra que correr riscos, sair da vida boa e procurar emprego?; enquanto os outros brigam por seus/meus direitos porque me estressar e brigar por meus interesses? Enquanto, enquanto......são tantos enquantos no nosso dia a dia que nem nos damos conta.

Terceirizamos atitudes e ações, nos omitimos e não assumimos, nos acovardamos e não enfrentamos.

Nossos órgãos complementares, assim, um dia cansam ou não podem mais. Também nossos pais, mães, irmãos, amigo(a)s, namorado(a)s, maridos, esposas e colegas um dia cansam e não podem mais. Jogam a toalha.
Tudo e todos começam a doer e a incomodar.
Resolvi dar um basta nesta exploração de lados.
Cada um que dê conta de suas funções e responsabilidades, por que compensar a limitação do outro, faz ficar doente. Qualquer um e qualquer órgão.
Depois da ressonância magnética vem o eletroneuromiografia.
Semana que vem ponho os dois ombros nos eixos e em sintonia.
Apesar da dor.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Nem melhor nem pior. Apenas diferente.

Quando a vida dá voltas é melhor acompanhar as voltas com a vida e ver para onde ela nos leva. Lutar contra nem sempre é a melhor alternativa. Às vezes é melhor não nadar contra a correnteza. Melhor se deixar levar.

Gosto de pensar que a vida é uma escolha diária e constante. Chá ou café? Adoçante ou açúcar? Carne de frango ou rês? Olhar TV ou caminhar? Gastar ou economizar? Trocar de emprego? Manter-se casado? E por aí vai. Das pequenas às grandes coisas, somos vítimas diárias e eternas das nossas próprias escolhas e decisões. E suas consequências.

Vivemos tempos de mudanças e novas experiências. A rotina e a monotonia são os bichos papões da modernidade dinâmica. O lema tem sido “rever seus conceitos”, “não engolir sapos”, “conhecimento acima de tudo”, “viver 50 anos em 5”, entre tantos outros exageros modernos.

Enfim, está cada vez mais difícil viver e sentir-se antenada no tempo e no espaço. Existem escolhas e decisões demais e de menos, e muitas vezes nos enganamos e o que deveria ser de menos vira demais, e os demais de menos. E assim, depois de um tempo vem a maior de todas as constatações: o reconhecimento do erro ou de algum equívoco. E agora? Tem como voltar atrás? Como recuperar o que foi perdido e posto fora?

Infelizmente, nem sempre temos uma segunda chance.

Diria até, que nunca. Mesmo voltando atrás a situação já não é mais a mesma, nem nós somos os mesmos. Nesta hora ficamos histéricos e arrependidos, e tudo que nos deu certeza para efetivar a mudança perde seu sentido e sua exatidão.

É nesta hora que a noção de pior, melhor e diferente faz toda diferença.

Se parece que a mudança piorou nossa vida podemos regredir; se parece que melhorou podemos expandir; se parece que apenas está diferente, ganhamos tempo para deixar a poeira baixar, as ideias e o coração se acalmarem, e pela primeira vez, nos permitimos viver o novo. O diferente.

Afinal, porque resolvemos mudar mesmo?
Não era para mudar de vida?
Não era para viver diferente?
Hora de repensar escolhas, ou apenas, deixar as recém tomadas decantar e se acomodar. E se acalmar.

Tamanhos

Lembra quando chegamos aos 10, 11, 12, 13 anos e nós e nossos pés começaram a espichar? Lembra quando a gente ficava horrorizada ao perceber que calçados 34 e 35 ficavam apertados, e de repente chegou o 36, e então o 37, e sem mais nem menos, apesar do pavor de chegar ao 38, 39, 40, nosso pé simplesmente parou de crescer? O tamanho dos nossos pés, enfim, foi definido. Mas só Deus sabe quantos anos – pelo menos eu, não sei se vocês também - espremi meus pés nos tamanhos 35 e 36, por achá-los mais femininos e graciosos, e também, porque ainda não havia assimilado o crescimento e o novo tamanho dos meus pés.

Hoje, passados 35 anos, vou logo dizendo que uso 36, 37 ou até 38. Conforme a marca ou o tipo do calçado. Não tenho mais vergonha do tamanho do meu pé. O que importa é ficar confortável. Mesmo que calçasse o 41, assumiria meu tamanho e desfilaria orgulhosa meus pés 41.

Isso se chama aceitação.

Felizmente não existe a pressão ambiental sobre o tamanho dos pés, como existe sobre o tamanho do nosso manequim. (Pelo menos não na nossa cultura e na nossa época. Tadinhos dos nossos pés se vivêssemos na China!!!) Mas, infelizmente na nossa cultura e na nossa época, é difícil reconhecer que saímos da zona do tamanho 40, 42, passamos pelo 44 e de vez em quando frequentamos o 46. Do M ao G e então ao GG. Os anos vão passando, nossas experiências e vivências se acumulam, e por que não dizer, nosso peso também.

Vivemos o inferno de tentar caber num corpo que não é o nosso. Um corpo menor. E para caber neste corpo os sacrifícios podem ser enormes, quando não doentios. Acredito que um corpo leve e na medida certa, além de mais saudável, é mais bonito. Mas qual a medida certa para nosso corpo, nossas vivências, e experiências? Estamos nos apertando em tamanhos que não são nossos? Será que algum dia vamos nos aceitar no nosso tamanho?

Isso se chama esperança!!!!
Que por sinal, é a última que morre.