segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Peeling

A primeira vez que fiz fazem cinco anos. Na época entrei de gaiata na intervenção. Em fevereiro daquele ano, numa consulta de revisão com minha dermato, ela sugeriu que eu fizesse o procedimento naquele inverno para homogeneizar minha pele e eliminar algumas manchas de sol. Marquei sem questionar ou entrar em detalhes. Julho chegou e quando vi estava no consultório da médica para fazer meu procedimento, na última semana antes de me mudar para a Venezuela. Também minha última semana como terapeuta de vários pacientes. Assim que entrei na sala recebi um termo de autorização e orientações caso alguma herpes se manifestasse. “Oh-oh”. Pensei. O que é mesmo que vou fazer? Minha médica explicou sobre a queima da pele por ácidos e depois o renascimento de uma pele de “bundinha de bebê”. Vamos lá. Assinei a autorização confiante em seu bom senso e profissionalismo. O procedimento iniciou e senti meu rosto em brasa. Foi a sensação no restante daquele dia. No outro dia a ardência permanecia. Liguei. “É assim mesmo”, me responde a secretária. Mais um dia e amanheço com o rosto repuxado liso, brilhoso, inchado e quente com dificuldade para abrir a boca e falar. Ligo novamente. “É assim mesmo.” Na terceira manhã amanheço com a pele marrom igual a leitão à pururuca. Fico horrorizada e ligo novamente. “É assim mesmo. E amanhã possivelmente quando acordares seu rosto vai estar craquelado e sua pele vai começar a descascar. Serão alguns dias até sua pele normalizar. Não se preocupe, é assim mesmo.” “Algo mais vai acontecer?” “Teoricamente não, mas qualquer coisa você liga”. Dito e feito. Na manhã seguinte amanheci com a aparência da Múmia, com mais de 3000 anos de idade. “É assim mesmo” pensei, resignada. Onde é que eu estava com a cabeça quando topei fazer este tal de peeling? Sequer podia remarcar meus pacientes e cada um que chegava era recepcionado com um “Não se assuste. Fiz um peeling. E é assim mesmo.” Como a grande maioria dos meus pacientes era mulher, a conversa sobre o dito cujo prosseguia ainda alguns longos minutos. A semana passou, eu sobrevivi, minha pele descascou inteirinha e fiquei com a pele de bundinha de bebê. Passados cinco anos, remarquei o procedimento que faz parte dos meus preparativos para o casamento de minha filha, em março de 2012. Hoje acordei com a pele descascando. Ainda bem que sei, porque é assim mesmo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário