domingo, 17 de julho de 2011

A minha saga e As Outras Sagas

Eu não podia perder nem deixar de ir ao lançamento mundial de Harry Potter – As Relíquias da Morte – parte 2. Desde sempre e desde muito, sou fã assumidíssima do bruxinho e de sua criadora, J. K. Rowling. Li todos os seis livros e assisti a todos os oito filmes. Harry Potter foi meu tema de conclusão na Especialização de Psicoterapia Psicanalítica da Criança e do Adolescente, realizado na UNISINOS. Assim como o vampiro Edward, da Saga Crepúsculo, Harry despertou em mim uma curiosidade intrigante e fui buscar em Bruno Betthelheim (A Psicanálise dos Contos de Fadas) a resposta para tanto sucesso e euforia. E por mais que entenda a veia e o cerne do que é ativado nas duas histórias - Harry Potter e Crepúsculo - fico imaginando e desejando a genialidade de transpor para o papel o universo de fantasia e simbolismo inconsciente que ambas exploram de forma ímpar. São contos de fadas contemporâneos para todas as faixas etárias, despertando em cada leitor seus complexos e conflitos mais profundos de forma lúdica e simbólica. Quer tenham 5 ou 50 anos.
Sem dúvida J. K. Rowling e Stephanie Meier são mestras ao misturar o antigo e o novo, a fantasia e a realidade , os medos e os desejos de cada um numa alquimia invejável e divina. Durante o filme, numa sala de cinema lotada, a luta entre o bem e o mal com seus mocinhos e bandidos lutando e morrendo, receberam palmas e gritos vibrantes e empolgados nos momentos mais esperados. O bem representado por Harry Potter derrotou o mal, representado por Lord Voldemort . É isso que todos esperamos e desejamos no nosso dia a dia. O bem sobrepujando o mal. É assim que esperamos que as coisas terminem.
Na sexta-feira, dia 15 de julho, também vivi a minha própria saga. Ou melhor, minha mini-saga.
Decidida a ir de ônibus a Porto Alegre, já que voltaria de carona com meu filho Felipe, a ideia do ônibus, era sem dúvida a mais acertada e coerente. Mas, se não fossem os mas, seria tudo perfeito.
Mas, ao chegar na rodoviária a constatação de que o ônibus (daquele horário) era do tipo comum. Rasga-roupa. Pinga-pinga. Ok, sem problemas. Chegaria a tempo, apesar das paradas frequentes. Quando o ônibus chegou na rodoviária de Lajeado, metade desembarcou e outra metade embarcou. Inclusive eu. Depois de mais de 15 dias de chuva no sul, sexta-feira foi o primeiro dia de sol, então, ao entrar e me deparar com aquele corredor azul, senti o bafo do mofo e do fedor de gente molhada bater de frente. Fechei o nariz e fui até o fundo, desejando que o cheiro melhorasse ou que eu me acostumasse.
Infelizmente, um dos meus sentidos mais aguçados é o olfato, e meu nariz de perdigueira identificou toda espécie de odores e fedores. Ao me sentar, cheirei a poltrona e a cortina. Nada. O cheiro nauseante que impregnava o ar era uma mistura de vômito, titica de galinha, ração molhada, mofo, umidade e Fandangos. Senti-me numa gaiola sobre rodas que não era limpa há dias, e imaginei o quanto pode ser sofrida a prisão dos pássaros. Arrrrgggg.
Sorte a minha ter agido como francesa e me encharcado com um francês marcante. Organza. Minha “sobre-leg” recém comprada, serviu de sobre-boca e sobre-nariz. Sobrevivi e cheguei nauseada em Porto Alegre.
Ao desembarcar do ônibus, a sensação era de que na frente o cheiro era outro. De pastel frito e coca cola recém aberta.
Livre da gaiola sobre rodas respirei o ar gelado e inodoro (daquela hora) de Porto Alegre.

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