sexta-feira, 22 de julho de 2011

A força da natureza

Esta é Lajeado inundada pelo Rio Taquari.


Depois de uma quarta-feira chuvosa a preguiçosa, a quinta-feira amanheceu cinza e cheia. Cheia de água, sujeira, gente, carros e ônibus. Lajeado fica espremida quando o Taquari reclama suas margens, e sem ter para onde ir, o rio simplesmente se apossa de tudo e as pessoas se resignam a ceder o espaço roubado.
E assim o centro da cidade fica resumido a apenas 3 grandes artérias de escoamento de carros, caminhões e ônibus.
Por onde se olha, vêem-se pessoas procurando paradas inexistentes, caminhões e camionetes transportando móveis e famílias, ambulâncias, pessoas curiosas e assustadas. A midia local informa de hora em hora o quanto o rio já subiu e as previsões para as próximas horas. Todos ficam aflitos e excitados com a chegada anual do verdadeiro dono daquelas terras.
Nesse ano ele se agigantou 26 metros acima do berço por onde ele desliza tranquilo a maior parte de sua existência.


A água que ruge raivosa sob a ponte Estrela-Lajeado é de uma beleza assustadora. O rio passa por lá como um gigante seguro de si. Arranca e carrega consigo tudo o que cruza seu caminho.
Ao mesmo tempo em que apavora sua imagem de gigante ensandecido e descontrolado, sua fúria avassaladora transmite uma serena tranquilidade. Ele mostra o quanto está vivo e forte. O quanto ele, apesar de tudo, repete seu ciclo milenar de se expandir e fertilizar as terras por onde passa. Ele e sua natureza selvagem são mais fortes e vibrantes do que a ganância, a irresponsabilidade e a inconsciência humana, que insistem em ficar em seus domínios.


É claro que me entristeço ao presenciar a inundação e destruição de casas, móveis e carros. Flagelados amontoados, esperando ansiosos o momento de retornarem ao lugar que julgam ser seu. E lá verem o trabalho - muitas vezes de uma vida - devastado em poucas horas. Isso quando não acontecem mortes e outras atrocidades.
Ano a ano a história se repete.
E me pergunto. Porque? Até quando?
O Taquari vai manter seu percurso e seu ciclo, enquanto for vibrante e saudável. E sinceramente
torço e espero por isso.
Quem sabe seus posseiros decidam se afastar e respeitar o verdadeiro espaço de que ele precisa.
Talvez só assim, o homem e o rio viverão em paz.

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