quarta-feira, 1 de junho de 2011

Oi!!!!! Voltando........

A crônica que segue abaixo foi escrita em outubro de 2008, mas bem que poderia ter sido escrita na semana passada. Cadê minhas dez páginas escritas e toda a revisão de 200 páginas do meu novo livro "Longe de tudo e de todos"? O computador engoliu.
Com certeza já melhorei muito e raramente me atrapalho com o que escrevo, a não ser quando resolvo sabotar meu trabalho. Até agora a única explicação para o sumiço deste material.
Ou seja, como se não bastasse, ando perdendo preciosidades literárias, enquanto os dias vão passando e meu prazo batendo no gongo.
Por isso, vai ai mais uma crônica antiga.



Presente de grego

Ganhei de presente um notebook de meu marido.
Acho que o fato se deu, num momento de acesso de culpa, que ás vezes, suspeito eu, ele acha o trabalho dele mais atraente que o meu, ou então, ele está me sinalizando que eu também deva trabalhar alucinadamente como ele. Ou quem sabe, e não duvido, o notebook dele é cheio de possibilidades e recursos, que decididamente não é o meu caso.
Afinal sou uma simples mortal falível de carne e osso. Ou, quem sabe ainda, ele quer que eu sinta na própria pele, e tenha, assim como ele, um caso de amor com meu notebook. E assim ambos ficaremos culpados. E portanto, quites. E se for esse o caso, ele deve se sentir mais seguro em deixar o seu notebook tranqüilamente na beira da piscina, sem que haja o menor risco do “note” ser jogado dentro dela. Minha maior ameaça feita a minha rival até agora. Que moleza, sem possibilidade de resistência ou revide! Pelo menos não daquela caixinha retangular, que ele carrega consigo por todos os lados.
Pensa! Ela é retangular, nem ao menos tem formas arredondadas!!! É fria e dura. De aparência padrão. Por mais que tentem modernizá-la, ela é sem graça, coitadinha!
Mesmo assim, acho que às vezes sinto ciúmes dela e desta relação. Parece ser um contato tão íntimo e intenso. E é apenas uma caixinha, e que custa umas três bolsas Vitor Hugo (no mínimo), uns dois óculos de sol Prada, ou quem sabe, uns três da marca francesa Chanel. Isto que estou mencionando aqueles modelitos mais simples, tanto de notebook, como de bolsas ou óculos!!!!! Porque a dita cuja pode custar, ou valer, como ele insiste em dizer, a troca do meu carro que já está com os pneus carecas, passou dos 100.000 Km, e já é quase peça de Museu de Automóvel.
Isto sem contar que ela vai com ele em todas as viagens e reuniões de negócios. Não importando hora ou lugar. Tem presença garantida sempre. Não existe o menor risco de ser esquecida em casa, muito menos de não ter lugar para ela no avião, ou ser presença inconveniente no escritório. Definitivamente ela está em todas e com tudo. Está presente de segunda a segunda, em seu dia a dia. Mas faz um barulho tão estranho!!!! Pelo menos não conheci nenhuma que fizesse barulhos mais provocantes e sensuais.
Ou melhor, até faz. Ela é muito cúmplice e sem-vergonha em mostrar muitas safadezas e sacanagens. Aquelas que os homens tanto gostam! E que parece ser a única corrente que eles não se importam em levar adiante no mundo virtual. E ela, aquela caixinha preta sem graça e sem curvas, se presta ao papel. Sem resmungar e sem omitir nada, reproduzindo com perfeição cada detalhe visual ou sonoro.
E para isso eles sempre têm um tempinho!
Aliás, o tempo. Este é interminável. É uma relação prazerosa que dura horas e horas, e quando a bateria está acabando, basta plugar na tomada e recarregar. Que ela continua com a mesma vitalidade e poder de sedução do começo de tudo.
Bem, pensando em tudo isso, acho que ele foi muito esperto!
Foi uma tacada de mestre. Xeque-mate.
E eu que fiquei toda alegrinha com o presente, certa de ter ganho esta preciosidade por amor, consideração e carinho!
Agora que já a aceitei, não tem como expulsá-la de casa. Isto seria tão deselegante e certamente, não combinaria comigo!
Decidi que preciso me acertar com ela, me relacionar de forma positiva, madura e adulta com a dita cuja. Afinal, ela é só uma caixinha preta sem graça e sem curvas, modelo padrão. O que pode dar errado?
Bem. O que ainda pode dar errado?
Além de ficar sem bateria logo quando eu mais preciso dela? Cadê o cabo de conexão que ela nunca leva consigo, e que vira e mexe se esconde dentro da minha pasta? Pior é que ela é tão sonsa que nem apita quando a energia dela está por um fio.
O que mais me deixa indignada é que ela me sabota e bagunça meu trabalho. Simplesmente, nunca encontro as coisas que deixei organizadinhas dentro dela. Quando encontro, nem imagino como foram parar onde estão. Isso sem contar que na hora de me deleitar com bobagenzinhas que algumas amigas me mandam, através dela, ela diz que não pode entregar, não pode abrir o programa. Safada!
Mas tenho uma teoria. Antes de ser minha, ela foi de meu marido. Claro! O modelo mais moderno seria para ele.
Então, ou ela está se vingando de mim, por todas as ameaças que fiz a ela no passado, ou ela está se vingando do meu marido, por ter sido trocada.
Viu como é que é?
Lajeado, outubro de 2008

Um comentário:

  1. Muito boa ame... nao lembrava dessa.
    Mas agora que você tem um "novo amante" sua opinião nao ta mudando nao? bj

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